quarta-feira, 12 de agosto de 2015


Maria Arménia Madail da Silva 2015
 
Os olhos poisaram naquela esfinge, seminua, que o convidou, languidamente, a penetrá-la.
Era ela! Eu sabia que a encontraria.
O entrar sentido naquela que o fascinava há longos sonhos. A mão frenética e faminta de carícias puxou-o tornando-o em si.
Senti dentro, aquilo que sentira fora, mas de uma maneira tão turbulenta que deixei o meu coração saltar. O toque frio colado no meu corpo foi aquecendo com o ar cálido dos lábios que começaram uma viagem vertiginosa até ao meu ínfimo sentimento de homem em estado de êxtase.
Mãos, pernas, cabelos emaranhados, sexos copulados deleitaram-se horas e horas num, vários orgasmos de cumplicidades perdidas nos tempos.  A metamorfose dera-se. A permanência no irreal parecia real. A avidez de entrelaçar os dedos nos dedos, a boca na boca, a mistura de salivas e o saborear de um e de outro durou eternos amores.
Queria sair. Estava exausto. Sentia-me devorado. O meu corpo desfazia-se em pequenos pontos cintilantes, a minha cabeça deixava-se levar e eu queria sair. Os seios  rígidos da estátua roçavam os meus lábios já secos e sentia-os agora a entrar na minha boca. Mais um aiiiiiii! Mais um orgasmo!
“ O museu encerra dentro de cinco minutos. Agradecemos que comecem a dirigir-se à porta de saída. Obrigada.”
A voz sonora despertou o encanto da visão de Afrodite de Cápua.
Sorri! Dirigi-me à saída do Museu Arqueológico de Nápoles.

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