Maria Arménia Madail da Silva 2015
Os olhos poisaram naquela esfinge, seminua, que o convidou,
languidamente, a penetrá-la.
Era ela! Eu sabia que a encontraria.
O entrar sentido naquela que o fascinava há longos sonhos. A
mão frenética e faminta de carícias puxou-o tornando-o em si.
Senti dentro, aquilo que sentira fora, mas de uma maneira
tão turbulenta que deixei o meu coração saltar. O toque frio colado no meu
corpo foi aquecendo com o ar cálido dos lábios que começaram uma viagem
vertiginosa até ao meu ínfimo sentimento de homem em estado de êxtase.
Mãos, pernas, cabelos emaranhados, sexos copulados
deleitaram-se horas e horas num, vários orgasmos de cumplicidades perdidas nos
tempos. A metamorfose dera-se. A
permanência no irreal parecia real. A avidez de entrelaçar os dedos nos dedos,
a boca na boca, a mistura de salivas e o saborear de um e de outro durou eternos
amores.
Queria sair. Estava exausto. Sentia-me devorado. O meu corpo
desfazia-se em pequenos pontos cintilantes, a minha cabeça deixava-se levar e
eu queria sair. Os seios rígidos da estátua roçavam os meus lábios já secos e
sentia-os agora a entrar na minha boca. Mais um aiiiiiii! Mais um orgasmo!
“ O museu encerra dentro de cinco minutos. Agradecemos que
comecem a dirigir-se à porta de saída. Obrigada.”
A voz sonora despertou o encanto da visão de Afrodite de
Cápua.
Sorri! Dirigi-me à saída do Museu Arqueológico de Nápoles.
Sem comentários:
Enviar um comentário