Caminhavam, pés descalços, na areia molhada da praia. As
mãos entrelaçavam-se numa só. E caminhavam cientes do percurso que haviam
destinado para aquele fim de tarde. Olhos fitos na linha ténue que separava o
céu do mar. Os corpos esculpidos pela idade e pela dor dos anos mantinham-se na
sua dignidade e caminhavam.
As amarguras e angústias de uma vida que lhes levou os
filhos mais cedo, a doença que veio sem avisar, levou-os, em silêncio, àquele
lugar onde a plenitude dos seres se encontra. E caminhavam. A água salitrada
beijou os pés descarnados, molhou as roupas e os dois seguiram caminho ao
encontro do infinito.