quarta-feira, 20 de maio de 2015


Caminhavam, pés descalços, na areia molhada da praia. As mãos entrelaçavam-se numa só. E caminhavam cientes do percurso que haviam destinado para aquele fim de tarde. Olhos fitos na linha ténue que separava o céu do mar. Os corpos esculpidos pela idade e pela dor dos anos mantinham-se na sua dignidade e caminhavam.
As amarguras e angústias de uma vida que lhes levou os filhos mais cedo, a doença que veio sem avisar, levou-os, em silêncio, àquele lugar onde a plenitude dos seres se encontra. E caminhavam. A água salitrada beijou os pés descarnados, molhou as roupas e os dois seguiram caminho ao encontro do infinito.