COISAS QUE APRENDI QUANDO JÁ ERA
TARDE DEMAIS
Quando foste embora não suportei.
O meu rosto ficou marcado com
sulcos da passagem de tantas
lágrimas. Não suportei.
Não suportei porque achei que era
tarde demais para voltar a ter-te nos meus braços. As noites e os dias passavam
em horas infindáveis e o meu sufoco não se deixava soltar. Não suportei, não
suportava, não suporto: é tarde demais para voltar amar. Não te Julgavas uma mulher
fria, controladora de todas as
emoções pois quando me aproximava o teu corpo de aromas sensuais deixavam-me
louco e tu envolvias-te em mim, como uma criança que precisa de colo. Não
suportei quando, naquele dia,
entrei no teu consultório e me
apercebi que tudo aquilo que me dizias no segredo dos lençóis estava a
ser repetido num sofá, num embrulhar de corpos, em ais de êxtase. A minha timidez
impediu-me de avançar e dizer-te aquilo que senti, naquele momento.
Já passaram três anos. Hoje,
escrevo para te relembrar os
nossos dias e noites de mentira. Quero dizer-te que aprendi a não te saborear,
a não respirar o teu cheiro, a não ter fome e sede de ti. Aprendi a viver com
outros aromas, outros corpos, outros ais, outros lençóis.
As memórias de uma vida podem ser tão fortes que não permitem começar de novo. E viveu feliz no meio da infelicidade: "relembrando dias e noites de mentira".
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