O amanhecer da
aldeia acorda-nos (quase sempre) com uma neblina. Esta vai-se esvanecendo
deixando aparecer o Sol (inibido), trazendo com ele os melros, as poupas, os
boieiros... Os cheiros da terra húmida ,elevando-se no ar, entram nas nossas
narinas. O som das crianças cantarolando na ida para a escola ,faça chuva, faça
sol, recordam ,todos os dias, que são horas de descer à cozinha. É na cozinha
que os aromas se misturam e nos deixam entontecidos (o pão saído do forno, as
compotas, a manteiga fresca) e ávidos de saborear aquelas iguarias campestres.
São estas maravilhas que nos dão força. Força para arrostar o asfalto negro - asfalto negro que
nos conduz à cidade grande (cheia de odores tão diferentes). Mas a certeza
(pois pensamos sempre de modo positivo) de que voltaremos à aldeia, aos
inebriantes aromas, aos sons, ao silêncio da natureza... enche-nos a
alma. E ao fim do dia, regressamos para um novo amanhecer .
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