terça-feira, 14 de outubro de 2014



Pecado inocente
Naquela tarde cheguei a casa com a Elisa e a Tita – vindas da catequese – e corremos para o quarto, onde nos esquecíamos de tudo o que se passava ao nosso redor, para abrir as fotonovelas e ler num silêncio entrecortado por uns ais de adolescentes. A voz ( estridente) da titi fez-nos ficar em sentido para imediatamente corrermos, escada abaixo. O jantar estava na mesa.
O ritual da espera do avô – que dava a ordem de “podem sentar-se” surgiu.
Sentada de frente para a titi, reparei que ela me olhava de um modo estranho e logo as palavras lhe saíram em catadupa: Quem te deu isso? – Comprei na loja da D. Manuela. – Com que dinheiro?
Os meus olhos baixaram – pois não tinha dinheiro e não tinha ordem de nada comprar. E a confissão foi revelada: tinha-os roubado.
-Amanhã vais devolver o que tiraste. – Sim – anui.
Ninguém fez qualquer comentário.
No fim do jantar, levantamo-nos e o avô, em tom austero, lançou a sentença: “O castigo é para toda a semana: as tuas amigas não poderão vir cá a casa.”
No dia seguinte levantei-me e dirigi-me à loja da D. Manuela e entreguei-lhe os dois ganchinhos com o devido pedido de desculpas.

Arménia Madail

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