domingo, 8 de junho de 2014


Texto baseado num Nome.



Henrique Guerreiro


Maria e Antero desejavam um filho a todo o custo. Um dia, pela aurora, um choro apagado ecoou pela viela, ladeada de roseiras, e os pirilampos que nelas estavam poisados esconderam-se, assustados com tal som nunca ouvido naquela planície, naquela viela, naquela casita.
Uma criatura, enfezada, que mais parecia um coelhinho, disparou do ventre de Maria. Antero amparou – o  e, trémulo, amedrontado, aconchegou-o ao seu peito. Maria sorriu,  pôs de fora o seio e alimentou-o, enquanto Antero pensava num nome a dar àquele, há tanto esperado. “-Henrique! Sim, vai chamar-se Henrique. Henrique Guerreiro!” E Henrique Guerreiro ficou.
O rapaz foi crescendo e fortalecendo e tornou-se um belo homem: olhos rasgados da cor do mar que desaguavam numa pele trigueira e no peito oferecia um coração a todos. Antero e Maria envelheciam embevecidos com o seu menino. Menino que guerreou com a morte  que aos seis anos o quis levar, depois de uma febre de um mês, de uma doença maldita, de uma pequena vida sem esperança – dizia o médico. “Henrique Guerreiro, o nosso filho, Maria! Olha para ele. O nome foi bem escolhido. Henrique, um rei e Guerreiro, um lutador!”
Maria suspirou e apoiou a sua cabeça no ombro de Antero.

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