A terra remexera-se pela
quarta vez. A fúria daquele tremor
arrastava tudo o que mexia, mas com um cuidado maternal: tinha que estar
naquela ilha.
No imenso horizonte
vislumbravam-se uns olhos ofuscantes, atentos à passagem de quem procura
desesperadamente, entre ruínas e devastidão, um bem precioso. A corrida
galopante e desenfreada continuou durante a noite e, ferido no seu âmago, insistiu – mais uma vez – no
desenterrar dos sentimentos: cravou as garras nas entranhas do solo, arrancou
árvores, revolveu águas, vociferou sons indecifráveis... a loucura estava a
apoderar-se dele e os olhos ocultos continuavam a seguir, atentamente, aquele
farrapo que tentava a todo o custo
encontrar...encontrar. As forças extenuantes deixaram cair aquele ser
corpulento levando a um quinto tremor e a um adormecimento intermitente. Ao
desabrochar do dia - quando a
chuva limpou o odor da raiva e os olhos ofuscantes desapareceram, o urso bebé aconchegou-se
à mãe.
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